terça-feira, 27 de março de 2012

Antes de semifinal, Fabi relembra passado sofrido no vôlei







 Muito do comportamento de Fabi em quadra é consequência de sua história de vida. Atuando com bastante raça nas partidas, a líbero do Rio de Janeiro, no início da carreira, sempre correu atrás do sonho de jogar vôlei, principalmente após o ouro masculino nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Corajosa, a atleta percorreu um longo caminho de dificuldades até se tornar uma das principais líberos do mundo.

Fabi entrou no mundo do vôlei inspirada pela Geração de Ouro da seleção masculina. Comandado pelo técnico José Roberto Guimarães (atual treinador da seleção feminina), o Brasil conquistou a primeira medalha de ouro em Jogos Olímpicos, em Barcelona-1992.

- Em 92 foi despertada a sementinha por aquela geração de Barcelona. Eu jamais podia imaginar que eu teria as mesmas conquistas que eles tiveram. Depois da conquista de 92, eu tinha certeza que era aquilo que eu queria - lembra Fabi, que ganhou com a seleção os Jogos de Pequim, em 2008, quatro Grand Prix (2005, 2006, 2008 e 2009) e os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no ano passado.

 Mas para alcançar essas vitórias, a atleta precisou batalhar muito. Lutando pelo desejo de ser uma jogadora profissional de vôlei, Fabi "bateu na porta" do Flamengo quando ainda era estudante. Apesar da juventude, ela já mostrava que conhecia muitos fundamentos do esporte.

- Fui para o Flamengo, que era o coração do Rio de Janeiro, na Gávea. Eu mal tinha dinheiro da passagem e ia com o uniforme da escola, pois naquela época, com roupa de colégio público, você entrava pela porta da frente. Quando cheguei lá era muita gente e eu achava que não ia dar. Eu não tinha joelheira, tinha só o tênis que talvez não fosse o mais apropriado. Mas era aquilo que eu queria. O técnico pediu para eu dar um saque e eu dei um viagem. Aí ele parou e disse que no mirim não podia dar viagem nem atacar da linha dos três metros. Eu não sabia nada disso. Mas ele disse que eu já estava aprovada - conta.

Para se manter na equipe carioca também não foi fácil. Residindo longe da sede da Gávea, Fabi teve que se desdobrar para comparecer aos treinos. A atleta cogitou abandonar as quadras, mas foi encorajada pelos pais que, mesmo ocupados no trabalho, lhe davam apoio.

- Em algumas vezes eu pensei em desistir porque era bem complicado. Era longe da minha casa, eu morava em Irajá e tinha que pegar duas conduções [para chegar ao clube]. Minha mãe não podia me acompanhar porque ela trabalhava como manicure, meu pai era taxista, e foi uma aventura. Depois que as coisas deram certo, o orgulho dele é tanto que ele anda com minhas fotos no táxi. E como o Rio de Janeiro é uma cidade que a gente acha que é grande, mas não é, vários amigos meus já pegaram táxi com ele. Se lá atrás ele foi ausente, ele contribuiu da maneira dele - recorda.

vôlei Fabi Rio de Janeiro final Superliga (Foto: Luiz Doro / adorofoto)

Estabelecida como uma das principais jogadoras no Brasil, Fabi comemora seu retrospecto. Pentacampeã da Superliga Feminina pelo Rio de Janeiro, a camisa 14 é muito agradecida ao que o vôlei lhe proporcionou na vida.

- Eu tenho um respeito muito grande por esse esporte. Primeiro porque ele me deu uma oportunidade de viver, de ser uma pessoa melhor, de conhecer o mundo e viver momentos que eu jamais poderia imaginar que eu fosse viver - finalizou, emocionada.

O Rio de Janeiro enfrenta, nesta terça-feira, o Vôlei Futuro abrindo a série melhor de três jogos na semifinal da Superliga Feminina.

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